quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Silêncios

Deslizam silenciosamente pelas teclas os dedos que insististe em calar, saltitam entre uma tecla e outra procurando gritar todas as palavras que se calam e que se calarão, para sempre.
Disseste-me, quase até à exaustão, que para ti e para mim, que para nós, não existiam os silêncios e que o dia da partida não chegaria… Afirmaste-o e prometeste-o a pés juntos. E foi verdade, os silêncios não existiram e quando se calavam as palavras gritavam os olhares, os sorrisos, as sensações e tudo aquilo que não tem som junto dos ouvidos, mas junto do coração. Depois, mesmo quando as palavras já eram ditas de cor não passaram a ser mais banais nem sem significado, eram… Tesouros… Pequenas pedras preciosas que guardava no bolso do lado esquerdo, o lado mais próximo de ti. Até ao dia da enorme tempestade, o dia em que os trovões riscavam o céu, as nuvens pareciam querer atingir a Terra e no ar apenas sobrava o silêncio, o silêncio da partida, interrompido apenas pelos teus passos pesados e vazios. Nesse dia disseste-me que uma noite apenas chegaria para apagar todas as palavras, gestos e promessas e que no outro dia, quando o sol brilhasse, não restaria nem o cheiro do teu perfume na almofada… Alias, argumentas que esse cheiro nunca existiu… E eu limitei-me ao silêncio enquanto tu me bombardeavas com sons que não eram os teus, com gestos que não eram os habituais e com olhares que já nada eram meus… De repente eras mais um estranho, de repente já não eras tudo o que me fazia sentir “em casa”…. Quando, finalmente, despertei e separei os meus lábios secos e cansados, disse-te apenas “Adeus” e disse-te porque sabia que não havia volta, porque sabia que tu não voltarias ou voltarás e porque eu sei que também já não quero mais os teus silêncios.
Inspiro profundamente enquanto recordo as tuas últimas palavras, escritas no bilhete, e cada uma delas desenha uma cicatriz mais profunda que a outra… No final, quando a última coisa que recordo de ti e em ti são essas palavras, os dedos calam-se e mergulham no silêncio que tu conheces melhor que ninguém.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Pele

Posso ser óbvia, deixar-me de filosofias e falar apenas de todas as cicatrizes que deixaste marcadas na minha pele? De todos os momentos que apenas existiram para ti e para mim?
Falo-te da sensação de ausência e vazio, desde que a tua alma de descolou da minha, da minha pele permanentemente irritada e com um forte edema desde que os teus dedos a percorrem, um a um, sem demoras, dos meus olhos que se perderam dos teus para, agora, contemplarem apenas o vazio e o silêncio, e das palavras… As palavras inseguras e inquietas que voaram e emigraram…
A minha pele é, certamente, o teu mapa… O mapa que podes tactear de olhos fechados, como um cego lê um romance em Braille (afinal o amor não é cego, é mudo)… Toca-me e lê, lê todas as linhas da nossa história e, por favor, ignora os pontos finais e todas as reticências… Também não te surpreendas quando as linhas acabarem… As cicatrizes que ainda não existem são todas aquelas que vais marcar em mim, são aquelas que vão espelhar de forma gritante a tua, a minha e a nossa essência…
As cicatrizes são muito mais do que marcas, são histórias, passados, recordações e lições de vida... Histórias de chegadas e de partidas, de desencontros e reencontros, de inicios e de fins.
As grandes histórias de amor não tem um final feliz, simplesmente porque não têm fim…

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Primeiro dia do fim

Hoje foi o último dia em que sai á rua a cantarolar o teu nome enquanto caminhava distraída nas ruas do passado, o último dia em que desenhei o teu nome no espelho, depois no banho e o último dia em que chamei de meu amor.
Depois de todas as noites de elevação e promessas, manhãs radiantes e tardes divinas, quase roçando a perfeição, dizes-me que afinal faltam os sons às palavras, o tacto aos gestos, o aroma aos cheiros, ao sorriso as gargalhadas e a todos silêncios os suspiros de paixão. Afirmas do alto do teu pedestal que não foi amor mas sim uma enorme ilusão, negas todas as tuas vontades e dizes que apenas eram minhas… Explicas toda a minha irracionalidade como quem ensina, impacientemente, contas de somar a uma criança.
Hoje é o único dia que eu jamais imaginaria no futuro, o dia em que eu finalmente te consigo dizer “não”, sem qualquer receio nem dúvida.
Hoje é o dia em que eu escolho bater a porta do destino em vez de a deixar aberta, para ti, como quem espera a eternidade…
Amanhã vai ser o primeiro dia do fim, o primeiro dia em que eu voltarei a caminhar sem qualquer caminho traçado nem destino certo.
Será apenas o primeiro dia, o primeiro dia sem ti…

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sorriso

Se ainda consegues ver um sorriso aberto no meu rosto pálido e cansado, é porque agora sei que a tua vontade de partir é alma gémea da minha, ou seja, não existe. Eu continuo a ser a voz que queres que te embale até adormecer, a pele que te abraça quando chegas a casa exausto de mais uma das tuas intermináveis viagens e a presença, simplesmente a presença, de um serão passado em silêncio em que nos olhamos, descobrimos e lemos. Tu… Tu continuas a ocupar todo o meu lado esquerdo. O lado esquerdo da cama, o lado esquerdo do coração, o lado esquerdo da minha vida.
Finges que não me amas, amuas, fazes cara feia, bates o pé enquanto afirmas que não podemos continuar, que não temos futuro e eu acabo exausta e por te querer demais digo-te adeus, digo-te adeus porque ainda o posso fazer e continuar a amar-te, continuar a querer-te. Guardo as memórias dos nossos dias e da nossa vida e corro para a porta, e tu voltas e tomas-me novamente pela mão, como um menino assustado esperando mais uma vez que eu te diga que és importante. E eu repito-te… Encosto os meus lábios secos e hesitantes ao teu ouvido e segredo-te toda a importância que tens para mim… Fechas os olhos, como quem decora cada uma das palavras e cada tom da minha suave melodia e perguntas-me porquê? Perguntas-me porque escolho nada quando existe a opção de tudo? Porque hoje, quando temos o futuro?
Sabes a minha resposta?: Não preciso do futuro, preciso do hoje, do agora, deste instante e de todos aqueles que passaram sem que tivesses a olhar-me nos olhos… Não preciso de mais nada, porque hoje, porque quando voltas, já tenho tudo.

sábado, 12 de setembro de 2009

Sabes

Sabes o percebi hoje? As andorinhas já partiram… Chegaram em Junho, deram vida, e partiram novamente. O tempo passou e muita coisa mudou. Eu mudei, tu mudaste… Mudamos.
Sabes que já passaram os três meses das nossas conversas até de manha, os meses das noites quem eu dormia ao teu lado, sem querer e tu, acordavas comigo mesmo sem saber.
Não mudei.
Continuo com o mesmo desejo que tinha no dia em que escolheste partir. Continuo a querer-te aqui, agora e sempre em pequenos pedaços que me sabiam tão bem. Quero-te ao final da tarde, antes de jantar, em jeito de balanço do dia, em que tu me contas os problemas do teu dia e eu as banalidades do meu.
Sabes, acredito que numa destas noites em que a saudade invadir todos os teus poros e o lado esquerdo da tua cama esteja frio demais vais voltar. Vais esquecer que tu não me podes querer e vais simplesmente sentar-te ao meu lado, em silêncio, apenas para te (me) confortar.
Sabes, que mais do que acreditar, desejo. Desejo desesperadamente que chegue esse dia, e que eu consiga finalmente dar-te o último e derradeiro beijo, o beijo para guardar e para não mais desejar.
Se ainda espero por ti, meu amor, é porque sei que ainda ouves a minha voz nos sítios do costume, e ainda é a minha cara que vês quando ouves as músicas que costumavam embalar o nosso amor.
Sabes que temos todo o tempo do mundo?
Olha, sabes que te amo?

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Esplanada

Sento-me numa daquelas cadeiras de plástico típicas de esplanada, o empregado mostrando toda a sua eficiência, praticamente galopa até à minha mesa e pergunta-me de forma alegre “o que vou desejar”… Tem piada como uma pergunta tão simples consegue criar um conflito enorme na minha cabeça. Ora bem, desejo não estar sozinha nesta mesa, debaixo de um sol tórrido tão característico das finais de tarde quentes de Lisboa, desejo que o meu telefone toque, desejo olhar para a minha mão direita ou até esquerda e ter uma aliança banal que diga que vou ser feliz e amada por um homem até ao último dos meus dias, desejo a realidade, não desejo um conto de fadas.
Fecho os olhos com a visão desta realidade inventada, esta realidade de sonhos e desejos. Lembro-me que o empregado continua especado à espera que eu lhe revele o que “desejo”, peço-lhe um sumo de laranja natural e um café.
Torno a fechar os olhos e mergulho na minha realidade. Na minha realidade tu chegas na tua carrinha de trabalho e estacionas no parque de estacionamento perto da esplanada sem que eu me dê conta, depois irás caminhar até à minha mesa, descontraidamente, distraidamente e com a sabedoria de quem conhece os segredos mais profundos de todo o Universo enquanto fumas um dos teus adorados cigarros, passarás por de trás da minha cadeira e beijarás o alto da minha cabeça enquanto afagas o meu ombro direito. Eu não me vou assustar, afinal estes gestos de carinho são de todo previsíveis, e se esta realidade não fosse inventada, eu sei que precisarias de sentir que sou real e por isso tocar-me-ias sempre. Sentas-te na cadeira em frente à minha e ficas apenas observando-me, lendo-me e desenhando-me, como quem lê um mapa e traça uma rota. Quando tivesses, finalmente, analisado atentamente cada porção de mim, humedecerias os teus lábios e com a tua voz de Frank Sinatra falsificada farias a mesma afirmação de sempre,
Conta-me o melhor do teu dia.
E eu sorriria, sorriria até conseguires ver covinhas nas minhas bochechas, sorriria pela estabilidade, por ti, por aquele momento, por nós, sorriria por todas as batalhas, por todos os poços repletos de piranhas, por todas as ausências e por todas as partidas, sorriria porque no fim apenas uma coisa importaria, nós.
Passaria a mão sob a tua e falaria, falaria até não ter mais palavras, falaríamos…

domingo, 19 de julho de 2009

A carta

A próxima carta que te vou escrever vai ser em papel branco e com tinta invisível. Vais abrir o envelope, selado com cera cor de vinho e cuidadosamente, retiras a carta, a carta que tem escritas todas as palavras que te quero dizer, a carta que vai revelar a história que te conto em silêncio todos os dias antes de adormecer, a carta que te vai fazer voar para longe, como o vento faz voar um saco de papel, levanta voo e desaparece, para sempre.
Vou encher um copo de água com açúcar, pegar num pincel fino e escrever-te. Sim é isso que vou fazer, até porque para além de falta de opções não acredito na velha máxima “ as mais belas palavras são aquelas que ficam por dizer “. As mais belas palavras são ditas, escritas ou murmuradas todos os dias; são proferidas em cada silêncio, em cada toque e tem cada olhar. Por isso vou escrever-te, vou passar para o papel com uma letra floreada todas as palavras belas que tenho para ti, vou dizer-te que o silêncio é na verdade uma vontade quase incontrolável de falar, a ausência aperta-te o coração como os sapatos dos grandes estilistas me apertam os pés, a saudade é o London Eye, está voltada para a sua alma gémea sem lhe poder tocar e a paixão é um terminal de autocarros e cada um tem o teu nome escrito no destino.
Acende a luz. Precisas de luz para ler as minhas “mais belas palavras”.
Acende um holofote, precisamos mesmo de luz.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Guerras

Acho que é altura de partir. Quando não podemos ganhar uma guerra nem nenhuma batalha intermédia a melhor opção é baixar as armas, arrumar a tralha e partir. Por a mochila às costas e caminhar firmemente pelo caminho esburacado que é a estrada da vida.
A minha guerra terminou. Estou determinada a pousar as armas, a retirar o colete à prova de balas e virar costas. Desisto, desisto de continuar a lutar numa guerra que nem sequer foi real, recuso-me lutar por uma causa sem fundamento, não vou e nem quero lutar sozinha. Acabou.
Entrego-te o colete à prova de balas, porque de nada me serve. Ofereceste-mo no nosso primeiro encontro com a promessa de que estaria protegida hoje, agora e sempre mas foi apenas mais uma, doce, mentira. Não me protegeu, não me protegeste, pelo contrário… Descobriste os meus pontos fracos e fizeste pontaria certeira sem qualquer dor e atingiste-me.
Soldado ao chão.
E eu que pensava que tinha amarrada à testa a faixa de grupo rebelde e cruel… Olha, sinceramente não sei quem foi o pior. Não sei se fui eu, que pouco dei de banalidades, mas tudo dei em nobreza de sentimentos ou se tu, que fizeste um quadro perfeito do teu ser, mas nunca me mostraste a essência, ou melhor, mostraste uma falsa essência, uma falsa paixão.
Desisto.
Hoje acaba o meu sentimento de culpa. A partir deste momento vou voltar a dormir uma noite inteira sem acordar a pensar que abanei a vida de alguém, vou despertar sem a ilusão de paixão, vou acordar para a vida, vou acordar para ti… Miragem de homem, pela qual eu me apaixonei.
Dor.
Tornei-me imune, transformei-me num boneco estático, inexpressivo e frio.
Vazio.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Voar

Bem, meu querido, parece que decidiste que vamos viajar juntos.
Saí do táxi à porta do aeroporto e caminhei para a zona das partidas levando apenas uma pequena mala de bagagem de mão. Caminhei naquela confusão de partidas e de chegadas, de sorrisos e lágrimas, de paixão e ódio até à zona da segurança. Despi o meu casaco forte e tirei o meu fio e caminhei para a zona segura e tu, surpreendentemente, apareceste; chegaste do nada como um raio de sol depois na mais terrível tempestade. Agarraste a minha mão gelada com a tua mão quente e entrelaçaste os teus dedos nos meus, como se te pertencessem.
Esperamos, afinal é o que se faz no aeroporto. Eu encostei a minha cabeça no teu ombro e respirei-te, absorvi-te e guardei-te em mim, decorei o teu aroma em mim, guardei-o secretamente no compartimento das saudades para abrir sempre que necessário. E tu, tu ias afagando o meu cabelo com a delicadeza com que os joalheiros manuseiam os seus, mais valiosos, diamantes.
Chamaram. O nosso voo ecoou em todo terminal.
Sorriste-me levemente e caminhamos para o autocarro que nos levaria até ao avião. Deixaste-me subir em primeiro lugar e fomos durante todo o caminho, entre solavancos e apertões, a olhar-nos nos olhos. Eu a olhar para os teus olhos cor de fumo e tu para os meus, cor de sol poente.
Quando apertávamos finalmente o cinto de segurança e levantamos voo, beijaste-me a testa e deste-me a mão. Tu sabes que eu odeio levantar voo.
Leste para mim. Quando pudemos finalmente tirar os cintos de segurança e os descansos entre cadeiras, eu recostei-me em ti e tu leste para mim. Falavas num tom claro, decidido e forte. Pouco a pouco ias-me embriagando com tão maravilhosa sonoridade.
Aterramos. Agora foi a tua vez de respirar mais fundo. Odeias aterragens. Sorri para ti, depositei-te o meu mais terno e duradouro sorriso, dei-te o sorriso que te daria sempre e para sempre.
Estava a chover. Eu apertei casaco preto e tu ajeitaste-me a gola enquanto vestias também o teu casaco. Caminhamos de mãos dadas, enquanto bebíamos um chocolate quente e descobríamos aquele país tão nosso, aquele país que surgia quando as nossas fotografias eram relevadas.
Quando finalmente anoiteceu e rumamos ao hotel eu achei que não havia momento mais perfeito, não havia momento mais perfeito do que aquele em que eu me deitaria ao meu lado e tu te aninharias em mim enquanto passavas a mão sob a minha barriga. Quando finalmente adormecesses eu ia sentir a tua respiração calma e profunda até eu própria adormecer.
Não, não fizemos amor nesta noite. Afinal temos uma vida inteira pela frente… Que importância tem uma noite quando nos espera a eternidade?
Quando acordei estavas de pé, junto à janela a contemplar o nevoeiro e o silêncio. Levantei-me da cama, beijei-te o ombro e enquanto te abraçava disse:

Adoro-te, meu querido.


In: Underground, London.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Voltar a ti

Hoje consegui.
Hoje consegui desenhar os teus traços mais gerais numa folha de papel branca, vazia e triste.
Hoje diminui o tempo que resta até que te partilhe com o Universo porque, é o que um dia farei, um dia juntarei todos os esboços do teu retrato que tenho espalhados pelo chão e nas paredes no meu quarto e pintar-te-ei com tinta-da-china num edifício da capital para que toda a gente te veja e te descubra, pouco a pouco, como eu fiz.
Já tinha tentado desenhar-te antes, mas era impossível. A memória atraiçoa-me e apesar de me sentar num canto escuro a focar-te e a ouvir a “nossa” música não consigo. Dizem que apenas não esquecemos os aspectos mais negativos e é verdade, não esqueci os teus hábitos de fumador, não esqueci que róis quase desesperadamente as unhas mas já esqueci a forma como o teu cabelo faz aquela ondulação, já esqueci a profundidade dos teus olhos, já esqueci o teu cheiro numa das tuas camisas brancas.
Amanhã gostava de acordar ao teu lado.
Gostava de acordar e ficar a ver-te dormir enquanto os primeiros raios de sol dançariam descaradamente sob a tua pele. Queria conhecer o teu bom humor matinal e levar-te o pequeno-almoço à cama. Gostava, acima de tudo, de te mimar porque sempre soube e sei que é disso que precisas, desesperadamente.
Sabes como seria acordar contigo?
Não?
Não acredito. Não acredito porque tal como eu, já construíste infinitas vezes este cenário na tua cabeça. Ainda assim vou-te contar, por isso fecha os olhos e ouve. Quando eu ainda estivesse a dormir, ficarias a olhar para mim e acordavas-me com um beijo suave, que tinha como objectivo não me acordar, mas ficarias feliz quando eu abrisse os meus olhos e te visse. Eu iria sorrir e afagaria os teus cabelos antes de te beijar os lábios e permitir que seguisses para a tua rotina diária. Quando voltasses a aparecer junto a mim com o cabelo molhado, com cheiro a gel de banho e a vestires a camisa eu levantar-me-ia da cama e ficaria frente a ti, olhos nos olhos, enquanto te faria o nó na gravata. Depois do último beijo voltaria para a cama e voltaria a adormecer, com a cabeça na tua almofada, anestesiada no teu cheiro.
Não consigo evitar em soltar uma gargalhada. Não sou louca, estou a rir porque, inacreditavelmente, consigo ouvir a tua resposta. Dizes-me: “Uau, amanhã quero mesmo acordar ao teu lado”.
E sabes que mais, meu amor?
Amanhã vais acordar ao meu lado.
Amanhã, depois, daqui a um mês, daqui a um ano, daqui a vai-se lá saber quando

terça-feira, 9 de junho de 2009

O último beijo

O último beijo que te dei é o único do qual me recordo.
Posso descrever todo o momento com o mais ínfimo pormenor: avancei para ti e fiz-te conhecer e desejar a minha língua fazendo-a percorrer todo o teu lábio inferior, mostrando-te, assim, a doçura das cerejas, a frescura dos citrinos e o aroma das maças. Depois descobri todos os segredos da tua boca, devagar e sem pressas, apreciando-te e degustando-te como os entendidos fazem com o mais valioso vinho. As minhas mãos foram percorrendo o teu suave cabelo cor de mel, enquanto as tuas (re) descobriam os contornos do meu corpo. Quando finalmente me faltou o ar e descolei os meus lábios dos teus, plantei um beijo na ponta do teu nariz e em cada uma das tuas bochechas, marcando-te como meu.
Assentei a minha cabeça no teu ombro e abracei-te, abracei-te no presente como nunca te tinha abraçado no passado e como jamais de voltaria a abraçar no futuro.
Era o adeus…

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Partidas

E partiste mesmo…
Foste embora para sempre sem me avisar, sem trocares comigo as eternas palavras de despedida, sem me dares o último beijo, sem me dizeres que és louco por mim, sem me dizeres que me amas. Sabes, há uma enorme quantidade de coisas que te podia ter dito e não disse contudo sei, também, que há palavras que quase me disseste e por receio ou por respeito ficaram por dizer. É nestes momentos que percebo que de nada vale a nossa consciência, o nosso respeito e a decência… não vale nem nada quando são estas “qualidades” que te afastam de mim e te impedem de dizer o que mais querias…
Bolas, partiste mesmo…
Foste e deixaste-me na confusão das palavras ditas e não ditas, deixaste-me sem conseguir dormir sozinha, deixaste-me a desejar-te todos os dias…
E sabes o que é o pior no meio de tudo isto? O pior não é saber que partiste! O pior é saber que não vais voltar… O pior é não me lembrar no último beijo e ter a consciência que as últimas palavras que trocamos foram em tom de discussão…
O pior é nunca ter dito que te amo.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Sweet May

Podem chamar-lhe de paixão se quiserem, mas não é nada disso que aconteceu e também não é sobre isso que vou falar.
Vou falar de uma atracção súbita, irresistível e inexplicável. Vou falar de um calor que faz com que o meu sangue praticamente entre em ebulição quando te vejo.
Como se não bastassem os 30º C que se fazem sentir, inundaste-me tu também com o teu calor, com a tua masculinidade, e quase que consigo sentir o meu coração pulsar para fora do meu tímido decote com tamanha excitação. Não faço qualquer tipo de expectativas, nem construo um conto de fadas… muito pelo contrário, a única história que te quero contar é a do mais belo livro de anatomia humana.
Sabes que consigo descrever com pormenor todo o teu corpo?
Posso falar do teu gigante 1,89m todo ele completo pela mais perfeita musculatura e pilosidades tão tipicamente masculinas e o teu rosto... o teu rosto apenas consigo comparar a algo agridoce e misterioso. É o teu ar duro, rude, forte e até bronco que me faz respirar fundo e me deixa as pernas a tremer.
Agora querido, cuidado, não sou pessoa de desistir. Especialmente quando tu és o que esta em jogo e quando já perdi o medo de me queimar.

Save me from hell.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

"Não, não basta um minuto de felicidade para encher a vida de um homem, porque a vida de um homem é feita de muitos minutos e cada um deve trazer-lhe mais do que uma doce e ténue recordação de algo precioso que teve e que perdeu. Não bastam dias de sonho, semanas de paixão, meses de elevação e vontade, porque a verdadeira vida é a que se constrói todos os dias, feita de gestos, atenções e cuidados, pequenos nadas que são quase tudo. E como de ti já não tenho nada, resta-me fechar as portas e desejar que encontres o que queres no caminho que escolheste."

Margarida Rebelo Pinto, in Diário da Tua ausência

sábado, 16 de maio de 2009

"A Janela de Mariana" - Prólogo

Soube logo que alguma coisa não estava bem, sentia que nada estava bem. Mais do que sentir via, via as manchas roxas debaixo dos olhos para os quais eu me perdia a olhar, a barba de alguns dias por fazer, o cabelo desalinhado e as unhas roídas. Aquele não era o homem que eu estava habituada a ver, o homem que me cortava a respiração cada vez que me tocava.
Quando abri a porta sorri-lhe e ele respondeu-me com um abraço, um abraço como se tivesse a sua vida por um fio, como que quisesse permanecer agarrado a mim para sempre. Quando finalmente nos separamos deu-me um beijo rápido, como se me fosse beijar o resto da vida e entrou em casa.
- Preciso de falar contigo – disse-me ele.
Olhei para o meu futuro marido, para a minha paixão de adolescente e perguntei-lhe o que se passava.
- Desculpa Mariana, desculpa… - respondeu-me ele antes de começar a soluçar, antes de as suas pernas não suportarem mais o peso do seu corpo, antes de cair aos meus pés.
Eu ajoelhei-me junto a ele, e disse-lhe que estava tudo bem, que tudo tinha solução.
- Eu trai-te, eu dormi com outra pessoa - disse ele.
E eu gelei, não podiam ser verdadeiras aquelas palavras que lhe saiam da boca, da boca que me tinha dado o meu primeiro beijo, da boca que me tinha pedido em casamento e que tinha dito que eu era o amor da sua vida…
- Porquê? – Perguntei-lhe eu
- Não sei… Saí com uns amigos e acabei por beber demais. Estava exausto, com saudades tuas… Não sei o que me passou pela cabeça… Desculpa-me Mariana… Desculpa… Eu amo-te….
- Não, Salvador… Não…
E agarrou a minha mão, e apertou-ma implorando que o desculpasse. Quando levou a minha mão à sua boca a beijar eu tirei a mão e levantei-me, limpei as lágrimas da minha cara e disse-lhe que levasse todas as suas roupas e que desaparecesse da minha vida. Depois disto, jurei que seriam as últimas palavras que lhe diria, que seria a última vez que o via…
Calcei a primeira coisa que encontrei e agarrei nas chaves e sai de casa, sai sem voltar olhar para trás, sai sem ouvir os seus murmúrios contínuos de desculpa e de paixão eterna.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Missing

“És a única pessoa por quem até hoje senti de uma forma absurda e incompreensível a emoção da paixão.”


Hoje decidi partilhar-te com o Mundo.
Precisei de “gritar ao Mundo” uma das frases que me escreveste para provar a mim própria que existes, que exististes e que o que aconteceu, apesar de inconsciente, foi real. Preciso de verificar que esta frase é tão preciosa, bela e importante para os outros, como é para mim.
No fundo, a única garantia que preciso é a de que foste verdadeiro. Preciso de acreditar que as horas que gastei (gastámos) não foram em vão, preciso de acreditar que estas palavras não tiveram origem nos teus dedos, mas no teu coração, preciso de acreditar que a única razão pela qual ainda me fazes esperar é a tua dignidade, a tua superioridade e capacidade de agir sempre bem evitando magoar-me e as pessoas que te rodeiam.
Quantas vezes me chamaste injusta e quantas vezes eu concordei e continuo a concordar, mas esta posição deve-se à contaste necessidade que tinha e tenho de ti. Sim, é ridícula esta minha necessidade, mas se for pensar é ainda mais ridícula a forma como surgiu esta paixão. É ridícula a saudade que sinto e que tenho a certeza que também tu sentes.
Não tens ideia de quanto esta espera me deixa louca. Procuro-te todos os dias, sem excepção e a cada de dia que passa a “ausência” torna-se ainda mais dolorosa. Ainda assim não desisto, enquanto não me disseres objectivamente que já não me queres não desisto. Enquanto eu te quiser e sentir a tua falta, não desisto.
Deixo, para ti, encostada a porta a vida para que voltes para mim sempre que quiseres…

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Supõe

Vamos supor que tudo o que te disse é verdade.
Vamos supor que te apaixonavas loucamente por uma mulher real, de carne e osso, com emoçoes, sentimentos e desejos que por esta altura já eram muito semelhantes aos teus. O que farias?
Imagina que esta mulher cedia e permitia que entrasses na sua vida. O que fazias querido? Terias conversas interminaveis pelo telefone? Desejarias-a todos os dias e todas as noites enquanto dormes ao lado de outra mulher? Sentirias a mesma paixão arrebatadora e inexplicável que sentes agora? E depois? Depois, meu querido, não pararias... Não pararias até conhecer essa mulher, a mulher dos teus sonhos, desejos e pensamentos; não pararias até essa mulher ser tua...
Sabes o que ia acontecer? Serias o homem mais apaixonado. Apaixonado pelas palavras que ela apenas falava para ti, pelas covinhas que se vincam nas suas faces quando ela sorri, pela forma como ela ajeita o cabelo contra o vento, pelo seu gesto inseguro de trincar suavemente o lábio inferior. E depois, torno eu a perguntar? Pensarias em abandonar uma vida de sonho? Pensarias na possibilidade de rasgar o contrato onde assinaste e prometeste para sempre?
Tu sabes que não. Tu sabes e ela sabe. Defendo fortemente esta minha posição porque ainda acredito que te conheço. Acredito que conheço a tua essencia, a tua solidão, os teus desejos... Acredito que as tuas vontades não são muito diferentes das minhas, no entanto entre elas há um caminho longo e doloroso, caminho esse que nenhum de nós pode percorrer.
Por isso meu querido, agradece.
Agradece o facto da mulher dos teus sonhos não existir.
Agradece estares apaixonado por uma ilusão, ilusão essa que nunca te fará optar.
Agradece porque a tua paixão não foi, certamente, maior do que a paixão que ela sentiu e sente por ti.
Agradece porque "não há maior amor do que aquele que nasce e morre sem nunca ser relevado".

domingo, 3 de maio de 2009

Amor

A - m - o - r, quatro letras que marcam, inspiram e (até) criam vidas...
Todos procuram conhecer o derradeiro significado desta palavra, desejam conhecer a sua essência e por isso buscam o amor, procuram amar e ser amadas na verdadeira plenitude da palavra. Há quem afirme de pés juntos que o amor à primeira vista existe, há quem diga que são necessários meses ou anos para amar uma pessoa, há quem acredite que o amor apenas se constroi com amizade e há ainda quem defenda que o amor é uma história para tolos, que é uma ilusão e que o conceito que existe mais próximo do amor é o sexo.
Eu tenho um conceito muito próprio do amor... Acredito que em todo o Universo existe apenas uma pessoa que é O Amor da nossa vida... Acredito fielmente nisso! Acredito que esse amor por vezes é encontrado numa das avenidas do destino e ai é saber conservar esse amor, contudo há quem não tenha essa sorte... Há quem insista em caminhar nas avenidas erradas, nos dias errados tornando impossivel este (re)encontro!
O amor existe! Pode não ter 1.80m, 76 kg, uns belos olhos azuis, um tom de pele bronzeado e uns dentes fantásticos, mas existe! É apenas preciso caminhar de cabeça levantada e assim olhar de frente todas as oportunidades... Até porque de outra forma é impossivel encontrar O Amor.
É importante não criar ideias pré-efeitas nem um modelo... É importante amar sem se perceber que se está a amar... É importante amar alguém "ser querer", por mero acaso.

Foi o acaso que me levou até a ti, contudo foram as minhas acções que nos afastaram.
Não vou chamar amor ao que sinto por ti, vou-lhe chamar paixão e amizade, conceitos que nem sempre são convergentes com o amor e muitas vezes são confundidos, sendo necessário por isso este parênteses. Por ti senti a mais profunda paixão e encantamento...

Amor ou amar é algo que acontece, com muita sorte, uma vez na vida...

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Procurando-te (de novo)

Eu sei que vai haver um belo dia em que vou deixar de te procurar...



Vai chegar o dia em que não vou querer relembrar as palavras doces, profundas e apaixonadas que me dizias... Vou deixar de te tentar encontrar e vou deixar que ouvir os teus pedidos sem fim para que te deixe sair da minha vida... Vou deixar de ouvir os teus suspiros cansados, quando me dizes que apenas me pedes algo muito simples...

Sabes que desejo todos os dias dar-te o que desejas? Sim é verdade... Não penses que esta minha posição é apenas por crueldade ou desejo de te dizer que não... Não, querido! Eu realmente não te posso dar o que desejas, porque o que tu desejas é impossivel, o que tu desejas não existe...

Ainda assim continuo a procurar-te, continuo a arrastar o teu e o meu sofrimento e não sei ao certo porque... Eu deixo-te ir, deixo que me deixes durante meses e depois, depois eu volto e tu voltas... E eu volto a conseguir respirar, apesar de não me atrever a respirar demasiado fundo porque comparo a nossa relação a uma vela e se me mexer muito e respirar fundo a chama morre...



Mas, querido, a culpa, a culpa tambem é tua... Lembraste de quando me disseste que iamos falar durante muitos anos? Lembraste quando me disseste que provavelmente conversariamos até sempre?

Eu não acreditei, mas agora... agora, é o meu desejo mais profundo...



Sabes do que é que sinto mais falta?
Dos dias em que te sentavas comigo (e só comigo) e à pergunta "Conta-me o melhor do teu dia" tu respondias "Estar agora aqui contigo..."

Eu sei que vai chegar o dia em que te vou deixar ir, mas esse dia ainda não é hoje... Por isso, volta e "conta-me o melhor do teu dia"...

segunda-feira, 30 de março de 2009

(Re)Lembrando-te

Acordei com a cabeça à roda, latejando sem parar e fazendo-me querer permanecer na cama, no escuro, sozinha... Fiquei acordada esperando que te sentasses ao meu lado e que me inundasses com o teu cheiro enquanto me beijas a testa... Cheiro esse que tenho presente em mim e que tanto desejei e continuo a desejar... Cheiro que guardo secretamente dentro da minha mala para que te possa sentir sempre que quizer e assim ter-te bem perto de mim...

Ligo o computador e enquanto abro a caixa de correio relembro conversas e sorrisos antigos que rapidamente se desvanecem quando volto a mim... quando percebo que continuamos afastados, que a caixa de correio que verifico constante e incansávelmente continua vazia... E eu continuo vazia também, vazia de mim e principalmente vazia de ti....

O que parecia ser simples, fácil, limpo e sem importância tornou-se dolorosamente especial... tão especial que desejei nunca ter começado... Mas era tarde, era tarde demais, eu estava viciada em ti e tu... tu apaixonaste-te! Apaixonaste-te por alguém que te mentiu uma, outra e outra vez...

Como é que dizemos a alguém que lhe mentimos constantemente?
Como é que dizemos a alguém que não somos nada do que dizemos ser?
Como é que dizemos a alguém que ama algo que pura e simplesmente não existe?
Como é que dizemos a alguém que a única verdade dita durante meses foi quando te confessei "gosto de ti, gosto mesmo de ti..."?


Be careful what you wish for, because you can have it all

terça-feira, 24 de março de 2009

Separar de águas

Hoje olhei para o calendário das emoções, e reparei que neste mês é o "nosso" aniversário..., por isso meu amor vamos comemorar!
Vamos celebrar todas as vezes em que me dizias que sim, todas as vezes em que me enganavas e me deixavas em "stand by", todas as palavras que disseste e não sentiste, todos os sorrisos, todos os toques e todos os beijos...
Vamos celebrar amor?
Vamos celebrar os meses e anos em que me magoaste? Meses e anos em que a dor era tão imensa que eu desejava conseguir arrancar o coração com as minhas próprias mãos!
Não achas que devemos comemorar?!

Hoje eu comemoro! Comemoro, porque hoje é o dia...
Hoje, digo-te adeus... Digo que acabamos, que acabei... Digo-te que são as últimas palavras que te escrevo porque hoje e agora já não tens qualquer influência sob mim... e assim és para mim mais uma pessoa...
Não és uma pessoa que não lembrar, és alguem que já esqueci

domingo, 22 de março de 2009

Lugar Encantado

Continuo a caminhar todas as semanas entre as pedras, flores, ervas daninhas e o teu tipico aroma... Caminho como quem recorda uma vida inteira que lhe fugiu entre os dedos, caminho como quem teima em não desistir, caminho porque ainda não perdi a esperança de te encontrar nesse lugar encantado ou numa destas esquinas da vida...

Mas quando me sento na pedra habitual, que já conhece todos os meus segredos, espero, e espero, e volto a esperar e nada... Tu nunca apareces... Canto o teu nome aos sete ventos esperando (ou desesperando) que o som vá a te ti e me ouças, mas não... Toda a minha espera é em vão...

"É o lugar onde tudo faz sentido mesmo sem ti" canta a Susana Félix, e é isso mesmo aquele lugar... É o lugar a partir do qual eu sou abraçada pelo mesmo sol que tu, é o lugar a partir do qual eu avisto a tua casa e as pessoas que amas e assim sinto-me próxima de ti e posso fingir que faço parte dessas pessoas que amas...

quinta-feira, 12 de março de 2009

Desencontro

Já não me consigo encontrar...

Perdi-me nos campos verdes, com aroma a primavera, onde os insectos bailam e rodopiam perfeitamente, como se tivessem no mais belo salão de baile... Campos esses onde costumo chamar pelo teu nome, como quem chama pela vida... Ou será que me perdi nas ruas sujas, sombrias e desertas? Se pensar bem, tenho a ideia de que as ruas de Lisboa não são assim tão desertas, mas já não tenho a certeza... Sei que passo nelas todos os dias, sei que os meus pés assentam na calçada gasta e cansada (que pensando bem, é muitissimo parecida comigo) mas não sei exactamente por onde passo, nem as pessoas que vejo... De vez em quando vejo sombras e ouço ruidos, mas quando rodo a cabeça procurando o som e os donos das sombras... desaparecem... E fico... fico, não sei muito bem onde...

Sabes, um dia destes gostava finalmente de me encontrar! A sério que gostava... Gostava de conseguir dormir de novo sozinha, gostava de ouvir o som de uma gargalhada, gostava de não olhar em volta quando ouço uma coisa a que acho piada procurando o teu sorriso, gostava de olhar para alguém e de não o comparar contigo, gostava de me encontrar...

Às vezes não resisto, e comparo-te a uma droga absolutamente terrivel e destrutiva ou a uma doença... Acho que quando te gravei na pele fiz-te entrar não só na minha pele, na minha vida e na minha cabeça, mas também no meu sistema... E assim espalhaste a mais terrivel doença em mim... contaminando o meu corpo... contaminando-me...

terça-feira, 3 de março de 2009

Call me when i'm sober

Querido senta-te aqui ao pé de mim...
Hoje vou-te falar baixinho e ao ouvido... porque é o que se faz quando queremos que acreditem em nós e porque é o que fazemos quando gostamos de alguem... Querido se soubesses como estou cansada e exausta... Sim querido... Ora, porque? Porque te chamo e não me ouves... Sim querido, não me ouves... deixas-te de me ouvir não sei bem porque... deixas-te de te sentar ao meu lado e de me abraçar... deixas-te de acariciar os meus cabelos e de olhar para os meus olhos... Não querido, não estou a ser injusta... Tranformaste-te um nevoeiro imenso no cimo de uma serra... e eu deixei de me conseguir mexer,mas não gosto e não quero estar neste lugar... Se te amo? Não sejas ridiculo e responde-me a esta pergunta, Respiras? Então claramente também te amo... Sabes, há muitos que dizem amar... sofrer por amor... mas poucos conhecem a sua verdadeira essencia... Se acredito em almas gémeas? Não amor, deixei de acreditar... Já não acredito no sonho branco nem em "felizes para sempre"... Acredito em simpatia, amizade e sexo... Almas gémeas não... Porque?Ora, porque me fazes perguntas complicadas...Deixa-me pensar... Não acredito porque Tu me deixas-te na rua ao frio... Sim amor, quando combinamos aquele encontro na rua do futuro eu tropeçei, cai e quando me levantei tu continuas-te a caminhar na tempestade e nem esperas-te que me levantasse e fosse até a ti... Continuas-te a caminhar e eu fiquei e fui ficando no sitio, onde ainda hoje estou...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Puzzle

Às vezes parece que a vida não passa de um imenso puzzle a que vamos juntando peças lentamente, até ao dia em que o completamos e podemos partir... E tenho a certeza que toda a gente, sem excepção, gostava de poder retirar nem que seja uma única peça e mudar um momento, ou com muita sorte uma vida inteira...
Eu arrancaria apenas uma única peça... A derradeira peça que marca o único amor da minha vida... E assim não me lembraria daquele dia em que entraste no salão (e na minha vida) de forma serena, passando a mão pelos teus cabelos molhados e sorrindo a metade do universo..., Não me lembraria das conversas a fio..., Não me lembraria do nome que me costumavas chamar..., Não me lembraria de que és a minha pessoa..., Não me lembraria que os teus sonhos e objectivos são muito semelhantes aos meus..., Não me lembraria de que és a única pessoa...
Mas como esta peça faz parte do meu puzzle, resta-me pegar nela e esconde-la debaixo do tapete desejando que ninguém tropece e a deixe à vista.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Perguntamos frequentemente porque é que as pessoas ficam doidas... Mas se pensarmos na quantidade de coisas que podemos perder num unico instante, a quantidade de coisas que amamos, que construimos e cuidamos anos a fio...

Eu não me pergunto porque é que as pessoas ficam doidas... Eu pergunto-me como é que as pessoas nao enlouquecem??