sexta-feira, 8 de maio de 2009

Supõe

Vamos supor que tudo o que te disse é verdade.
Vamos supor que te apaixonavas loucamente por uma mulher real, de carne e osso, com emoçoes, sentimentos e desejos que por esta altura já eram muito semelhantes aos teus. O que farias?
Imagina que esta mulher cedia e permitia que entrasses na sua vida. O que fazias querido? Terias conversas interminaveis pelo telefone? Desejarias-a todos os dias e todas as noites enquanto dormes ao lado de outra mulher? Sentirias a mesma paixão arrebatadora e inexplicável que sentes agora? E depois? Depois, meu querido, não pararias... Não pararias até conhecer essa mulher, a mulher dos teus sonhos, desejos e pensamentos; não pararias até essa mulher ser tua...
Sabes o que ia acontecer? Serias o homem mais apaixonado. Apaixonado pelas palavras que ela apenas falava para ti, pelas covinhas que se vincam nas suas faces quando ela sorri, pela forma como ela ajeita o cabelo contra o vento, pelo seu gesto inseguro de trincar suavemente o lábio inferior. E depois, torno eu a perguntar? Pensarias em abandonar uma vida de sonho? Pensarias na possibilidade de rasgar o contrato onde assinaste e prometeste para sempre?
Tu sabes que não. Tu sabes e ela sabe. Defendo fortemente esta minha posição porque ainda acredito que te conheço. Acredito que conheço a tua essencia, a tua solidão, os teus desejos... Acredito que as tuas vontades não são muito diferentes das minhas, no entanto entre elas há um caminho longo e doloroso, caminho esse que nenhum de nós pode percorrer.
Por isso meu querido, agradece.
Agradece o facto da mulher dos teus sonhos não existir.
Agradece estares apaixonado por uma ilusão, ilusão essa que nunca te fará optar.
Agradece porque a tua paixão não foi, certamente, maior do que a paixão que ela sentiu e sente por ti.
Agradece porque "não há maior amor do que aquele que nasce e morre sem nunca ser relevado".

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