sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sorriso

Se ainda consegues ver um sorriso aberto no meu rosto pálido e cansado, é porque agora sei que a tua vontade de partir é alma gémea da minha, ou seja, não existe. Eu continuo a ser a voz que queres que te embale até adormecer, a pele que te abraça quando chegas a casa exausto de mais uma das tuas intermináveis viagens e a presença, simplesmente a presença, de um serão passado em silêncio em que nos olhamos, descobrimos e lemos. Tu… Tu continuas a ocupar todo o meu lado esquerdo. O lado esquerdo da cama, o lado esquerdo do coração, o lado esquerdo da minha vida.
Finges que não me amas, amuas, fazes cara feia, bates o pé enquanto afirmas que não podemos continuar, que não temos futuro e eu acabo exausta e por te querer demais digo-te adeus, digo-te adeus porque ainda o posso fazer e continuar a amar-te, continuar a querer-te. Guardo as memórias dos nossos dias e da nossa vida e corro para a porta, e tu voltas e tomas-me novamente pela mão, como um menino assustado esperando mais uma vez que eu te diga que és importante. E eu repito-te… Encosto os meus lábios secos e hesitantes ao teu ouvido e segredo-te toda a importância que tens para mim… Fechas os olhos, como quem decora cada uma das palavras e cada tom da minha suave melodia e perguntas-me porquê? Perguntas-me porque escolho nada quando existe a opção de tudo? Porque hoje, quando temos o futuro?
Sabes a minha resposta?: Não preciso do futuro, preciso do hoje, do agora, deste instante e de todos aqueles que passaram sem que tivesses a olhar-me nos olhos… Não preciso de mais nada, porque hoje, porque quando voltas, já tenho tudo.

sábado, 12 de setembro de 2009

Sabes

Sabes o percebi hoje? As andorinhas já partiram… Chegaram em Junho, deram vida, e partiram novamente. O tempo passou e muita coisa mudou. Eu mudei, tu mudaste… Mudamos.
Sabes que já passaram os três meses das nossas conversas até de manha, os meses das noites quem eu dormia ao teu lado, sem querer e tu, acordavas comigo mesmo sem saber.
Não mudei.
Continuo com o mesmo desejo que tinha no dia em que escolheste partir. Continuo a querer-te aqui, agora e sempre em pequenos pedaços que me sabiam tão bem. Quero-te ao final da tarde, antes de jantar, em jeito de balanço do dia, em que tu me contas os problemas do teu dia e eu as banalidades do meu.
Sabes, acredito que numa destas noites em que a saudade invadir todos os teus poros e o lado esquerdo da tua cama esteja frio demais vais voltar. Vais esquecer que tu não me podes querer e vais simplesmente sentar-te ao meu lado, em silêncio, apenas para te (me) confortar.
Sabes, que mais do que acreditar, desejo. Desejo desesperadamente que chegue esse dia, e que eu consiga finalmente dar-te o último e derradeiro beijo, o beijo para guardar e para não mais desejar.
Se ainda espero por ti, meu amor, é porque sei que ainda ouves a minha voz nos sítios do costume, e ainda é a minha cara que vês quando ouves as músicas que costumavam embalar o nosso amor.
Sabes que temos todo o tempo do mundo?
Olha, sabes que te amo?