quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Pele

Posso ser óbvia, deixar-me de filosofias e falar apenas de todas as cicatrizes que deixaste marcadas na minha pele? De todos os momentos que apenas existiram para ti e para mim?
Falo-te da sensação de ausência e vazio, desde que a tua alma de descolou da minha, da minha pele permanentemente irritada e com um forte edema desde que os teus dedos a percorrem, um a um, sem demoras, dos meus olhos que se perderam dos teus para, agora, contemplarem apenas o vazio e o silêncio, e das palavras… As palavras inseguras e inquietas que voaram e emigraram…
A minha pele é, certamente, o teu mapa… O mapa que podes tactear de olhos fechados, como um cego lê um romance em Braille (afinal o amor não é cego, é mudo)… Toca-me e lê, lê todas as linhas da nossa história e, por favor, ignora os pontos finais e todas as reticências… Também não te surpreendas quando as linhas acabarem… As cicatrizes que ainda não existem são todas aquelas que vais marcar em mim, são aquelas que vão espelhar de forma gritante a tua, a minha e a nossa essência…
As cicatrizes são muito mais do que marcas, são histórias, passados, recordações e lições de vida... Histórias de chegadas e de partidas, de desencontros e reencontros, de inicios e de fins.
As grandes histórias de amor não tem um final feliz, simplesmente porque não têm fim…

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Primeiro dia do fim

Hoje foi o último dia em que sai á rua a cantarolar o teu nome enquanto caminhava distraída nas ruas do passado, o último dia em que desenhei o teu nome no espelho, depois no banho e o último dia em que chamei de meu amor.
Depois de todas as noites de elevação e promessas, manhãs radiantes e tardes divinas, quase roçando a perfeição, dizes-me que afinal faltam os sons às palavras, o tacto aos gestos, o aroma aos cheiros, ao sorriso as gargalhadas e a todos silêncios os suspiros de paixão. Afirmas do alto do teu pedestal que não foi amor mas sim uma enorme ilusão, negas todas as tuas vontades e dizes que apenas eram minhas… Explicas toda a minha irracionalidade como quem ensina, impacientemente, contas de somar a uma criança.
Hoje é o único dia que eu jamais imaginaria no futuro, o dia em que eu finalmente te consigo dizer “não”, sem qualquer receio nem dúvida.
Hoje é o dia em que eu escolho bater a porta do destino em vez de a deixar aberta, para ti, como quem espera a eternidade…
Amanhã vai ser o primeiro dia do fim, o primeiro dia em que eu voltarei a caminhar sem qualquer caminho traçado nem destino certo.
Será apenas o primeiro dia, o primeiro dia sem ti…